Mohamed Abdallah chegou ao Brasil e contou como seu pai e seu irmão de 15 anos morreram vítimas das bombas israelenses. Foto: Reprodução - g1 O brasileiro Mohamed Abdallah, de 16 anos, contou ao chegar do Líbano que seu irmão de 15 anos e seu pai morreram pelas bombas de Israel enquanto trabalhavam na fábrica de produtos de limpeza mantida pela família.
Mohamed chegou na sexta-feira (27) a Foz do Iguaçu, local onde nasceu, junto de sua irmã, Yara Abdallah, nascida no Líbano. Eles viviam na cidade de Kelya, a 30 km da capital Beirute.
O irmão Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, que também nasceu no Brasil, e o pai Kamal Hussein Abdallah, de 64 anos, morreram na segunda-feira (23).
Os dois irmãos foram “ajudar ele [o pai] a trabalhar e a gente escutou o primeiro bombardeio” em um local mais distante e o “o segundo foi bem na nossa frente, na montanha”.
“A gente pediu a meu pai para fugirmos e ele só queria terminar de encher a água lá dentro para trabalhar”, continuou.
“A gente enchendo, caiu tudo. Nem vi mais nada, não consegui mais respirar. Tirei as pedras de mim e fui ver meu pai. [Ele] estava no chão, morto, e meu irmão… Não conseguia achar meu irmão. Gritava o nome dele, e as pessoas do meu lado, mortas. Eu não achava ele, nem escutei a voz dele”, relatou Mohamed, chorando.
O regime brutal de Israel também assassinou a brasileira de 16 anos, Myrna Raef Nasser, natural de Balneário Camboriú, e seu pai, Raef Nasser, que morou no Brasil por 9 anos, também nos bombardeios contra Kelya, na segunda-feira.
Myrna e seus familiares já tinham deixado a região por conta dos ataques israelenses, mas voltaram para casa para pegar mantimentos. Foi neste momento em que a casa foi atingida por um míssil.
Um vídeo divulgado pelo UOL mostra a casa, que fica em um local de baixa densidade populacional, sendo destruída por Israel.
O tio de Myrna, Ali Bu Khaled, irmão de Raef, contou à GloboNews que na região “não tinha nada de perigo” e de guerra até as últimas semanas. As duas famílias que já viveram no Brasil eram vizinhas.
Ali Bu Khaled relatou que os familiares voltaram para pegar roupa e “as coisas da escola” na casa. “Na hora que chegaram lá, aconteceu o ataque. Morreram na hora e ficaram nos escombros até o outro dia. Os aviões atacavam de novo e não deixavam tirar [os corpos]”.
Myrna “era muito inteligente na escola, ficou em segunda na nossa região”, destacou. A família planejava trazer a jovem para o Brasil assim que ela terminasse a escola.
O tio Ali Bu Khaled reclamou ao vivo na GloboNews das reportagens que dizem que os ataques de Israel foram contra bases militares, sendo que, na verdade,a são contra alvos civis. “Fala que atacou base militar do Hezbollah… E não tem nada disso, é tudo civil, posto de gasolina, supermercado…”.
Israel “só está matando criança e mulher”. “Israel não tem exército, tem assassinos. Exército não faz isso, né?”.
Mais de 700 pessoas morreram no Líbano após os bombardeios israelenses da última semana.